Em uma entrevista à Revista Glamour, eu falei detalhadamente sobre a relação entre os dois
Desde o surgimento do novo coronavírus SARS ‐ CoV ‐ 2, a causa do COVID ‐ 19, grande atenção tem sido dada às suas manifestações pulmonares e cardiovasculares com risco de vida. No entanto, sinais e sintomas cutâneos da doença também foram descritos e podem impactar significativamente os pacientes e alguns sintomas têm levado vários pacientes para o consultório dermatológico.
Na clínica dermatológica l, uma dessas manifestações cada vez mais aparentes tem sido o novo início de queda difusa de cabelo em pacientes previamente infectados com SARS-CoV-2, clinicamente compatível com eflúvio telógeno, essa doença já era comum antes da atual epidemia e é caracterizada por perda de cabelo difusa dentro de cerca de três meses de um estressor sistêmico, antes do início da queda.
Isso porque o período de preparo para a queda dura de dois a três meses e os fios se desprendem ao final do ciclo natural dos cabelos (anágeno, catágeno e telógeno). Esses eventos, ou gatilhos, convertem um percentual maior de fios para a fase de queda. Sendo assim, ao invés de termos os habituais 100-120 fios caindo diariamente, temos 200-300 fios ou até mais, dependendo do paciente e da causa do eflúvio.
Os eventos mais associados à queda são: pós-parto, febre, infecção aguda, sinusite, pneumonia, gripe, dietas muito restritivas , doenças metabólicas ou infecciosas, cirurgias, especialmente a bariátrica, por conta da perda de sangue e do estresse metabólico, além do estresse. Algumas medicações também podem desencadear o problema.
Na nossa clínica, o intervalo de tempo entre o início da queda de cabelo e a infecção por Sars ‐ Cov ‐ 2 (cronologicamente identificada no primeiro pico febril) tem sido mais curto que a queda causada por outras doenças, e tem sido de cerca de 1 mês após a doença, o que está de acordo com as poucas publicações a respeito, o aparecimento precoce após a infecção por SARS-CoV-2 sugere dano viral direto aos folículos capilares pelo COVID-19.
Outro aspecto que difere das outras causas de eflúvio é que esse fenômeno tem acontecido mesmo nos casos mais leves que não necessitam internação, mas é mais intenso nos pacientes hospitalizados, especialmente nos que foram intubados, também tenho visto casos mais intensos que os habituais e com duração da queda que chega a ultrapassar 3 meses, que é a média habitual do eflúvio telógeno agudo
Na minha opinião essa queda se deve a muito mais que apenas a infecção, se deve ao estresse causado pelo confinamento social, incertezas, excesso de carboidratos na dieta, má qualidade do sono e privação das atividades físicas
Minha sugestão, TRATAMENTO GLOBAL:orientação alimentar e de exercício físico, técnicas de relaxamento da mente,tratamento tópico, oral- suplementação vitamínica apenas se documentada a falta e laserterapia no couro cabeludo.
Confira a reportagem completa em: https://revistaglamour.globo.com/Beleza/Cabelo/noticia/2021/10/khloe-kardashian-relata-queda-de-cabelo-pos-covid-por-que-isso-acontece.html
Referências :
1 Rizzetto G, Diotallevi F, Campanati A, et al. Telogen effluvium related to post severe Sars-Cov-2 infection: Clinical aspects and our management experience. Dermatol Ther. 2021
2. Kanwar AJ, Narang T. Anagen effluvium. Indian J Dermatol Venereol Leprol. 2013
3. Moreno-Arrones OM, Lobato-Berezo A, Gomez-Zubiaur A, Arias-Santiago S, Saceda-Corralo D, Bernardez-Guerra C, Grimalt R, Fernandez-Crehuet P, Ferrando J, Gil R, Hermosa-Gelbard A, Rodrigues-Barata R, Fernandez-Nieto D, Merlos-Navarro S, Vañó-Galván S. SARS-CoV-2-induced telogen effluvium: a multicentric study. J Eur Acad Dermatol Venereol. 2021 Mar
4. Rossi A, Magri F, Sernicola A, Michelini S, Caro G, Muscianese M, Di Fraia M, Chello C, Fortuna MC, Grieco T. Telogen Effluvium after SARS-CoV-2 Infection: A Series of Cases and Possible Pathogenetic Mechanism